⚖️ Luís Roberto Barroso anuncia sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal

Um ciclo de doze anos no coração da Justiça brasileira se encerra com emoção, serenidade e consciência de missão cumprida.

Por Mário Marcovicchio | Jornal25News – Independente
Centro Histórico de São Paulo, 09 de outubro de 2025

O ministro Luís Roberto Barroso, confirmando o que já se desenhava nos bastidores da Corte, anunciou nesta quinta-feira (9) sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal, após mais de doze anos de atuação no mais alto tribunal do país.

O comunicado foi feito ao final da sessão plenária, em tom comovido e de profunda gratidão. Aos 67 anos, Barroso ainda poderia permanecer no cargo até 2033, quando completaria 75, idade-limite para a aposentadoria compulsória.
Entretanto, preferiu antecipar a saída — um gesto raro em tempos de vaidade institucional e permanência prolongada no poder.

🏛️ Um ciclo de doze anos no vértice do Estado

Indicado pela então presidente Dilma Rousseff, em 2013, Barroso ingressou no STF em um dos períodos mais intensos da história recente da República.
Sua trajetória no tribunal foi marcada por uma combinação de erudição acadêmica, sensibilidade humanista e um discurso sempre voltado à defesa da democracia constitucional.

No discurso de despedida, o ministro leu uma carta simples, mas repleta de simbolismo:

“Por doze anos e pouco mais de três meses ocupei o cargo de ministro deste Supremo Tribunal Federal, tendo sido presidente nos últimos dois anos. Foram tempos de imensa dedicação à causa da Justiça, da Constituição e da democracia. A vida me proporcionou a bênção de poder retribuir ao país o muito que recebi.”

Barroso se emocionou — e emocionou.
Falou de dificuldades pessoais, perdas familiares e o peso do cargo, sem jamais se afastar da missão que, segundo ele, havia assumido “perante o país e sua própria consciência”.

🕊️ O gesto da saída

A amigos próximos, Barroso confidenciou que não tem planos imediatos.
Seguirá, num primeiro momento, para um retiro espiritual em um centro da Brahma Kumaris, cujo local prefere manter em sigilo.
Lá, pretende “recarregar a alma”, depois de mais de uma década vivendo sob a pressão cotidiana das grandes decisões da República.

“Sem ter qualquer interesse que não fosse fazer o que é certo, justo e legítimo, procurei sempre contribuir para que o Brasil fosse um país maior e melhor.”

🎓 Um jurista além do tribunal

Professor e pensador do Direito Constitucional, Barroso é doutor pela UERJ e professor titular da mesma instituição, onde formou gerações de constitucionalistas.
Nos próximos meses, ele deve lecionar no Instituto Max Planck, na Alemanha, e atuar como professor visitante na Universidade de Sorbonne, em Paris.

Um retorno ao mundo acadêmico — o habitat natural de quem sempre tratou o Direito como instrumento de civilização e não como arma de poder.

🔍 A serenidade de quem cumpriu sua missão

Ao longo de sua passagem, Barroso acumulou críticas e admiração em igual medida.
Teve firmeza em pautas progressistas, enfrentou resistências de setores conservadores e não se esquivou dos temas sensíveis do país — do aborto à descriminalização das drogas, das liberdades civis à proteção da democracia.

Sai sem escândalos, sem mágoas e sem medo.
E talvez seja exatamente isso o que torna sua despedida mais simbólica: o gesto de quem prefere a paz da consciência ao barulho do poder.

🌿 Reflexão final

A aposentadoria de Barroso não é apenas o fim de um mandato; é o encerramento de uma era — a de um ministro que entrou na história pelo conteúdo das suas ideias e não pelo volume das suas palavras.

Num tempo em que o Poder Judiciário se tornou palco de disputas políticas e de protagonismos pessoais, Barroso se despede como jurista, professor e homem público, deixando atrás de si uma marca de equilíbrio e lucidez.

“A vida pública é uma travessia. Quem entra nela deve estar disposto a servir, não a ser servido. E a Justiça é, talvez, a forma mais difícil e mais nobre desse serviço.”

— Mário Marcovicchio, para o Jornal25News – Independente

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